segunda-feira, 30 de maio de 2011

Em cada poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas

vidas que nunca vivi aparecem em lembranças
em dias de chuva e em domingos vazios
os lados fracos, expostos ao dia, se alimentam
de dores injustas que machucam como verdade

queria eu tua presença bem longe daqui
num dia de anos passados e corpos imaginários
naquela vida que você também queria ter
de viver a querer ser eu e eu a ser você
com toda a escuridão pela frente
e a incerteza do incerto
que nos entrega a chave do sonho
que não nos dá nenhuma esperança de voltar
mortos em um quarto de portas fechadas
sem visão para fora, apenas o barulho das gotas
de lágrimas ou de chuvas, o tempo não passa
é a única forma de não nos perdermos

no dia seguinte, nos vemos de longe
um olhar, um sorriso superficial
e cada um entra em seu caminho
até o fim, a vivermos escondidos vidas que nunca vivemos

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Serve The Servants

de 26/04/11

a luz do dia é a imagem do meu pior medo
desço as escadas até o subsolo
vou pra segurança do escuro junto a velhos amigos
meu lugar pra quando a solidão não é suficiente para se auto-punir

quem disse que a verdade está oculta no lado ruim
acredita que os bons amigos são de mentira
mas se guerra pode ser sinônimo de união
prefiro cair no rio mais poluído a passar por ele numa ponte colorida

o medo é uma batida que se repete e se repete
desejos contidos choram como sonhos perdidos
enjaulados nos corredores da moral e da ordem
livres do olhar alheio, se sobressaem à noite, quando ninguém carrega escudos