domingo, 14 de agosto de 2011

Your Own Disaster '04

sala pequena
o tempo demora pra passar
a porta até se abre,
por fora

totalmente isolada
e sem janelas
os gritos,
voltam em choques ilusórios

crio novos ventos
mas respiro o mesmo ar
pago caro pelas idéias
então nunca lembro do ontem

eles,
os eus nunca meus
mas que me dizem quem ser
e quem sou

eu,
ausente de mim
e sumido das ruas
vago em mundos adormecidos

domingo, 10 de julho de 2011

Hurt

volto simples, volto sorrindo
camuflador das mentiras, a cor de dois
o pincel maior sempre precisa de mais tinta
ainda mais quando o sangue seca rápido

o (des)canso aparece na porta às noites
e nada mais de fantasia para os dias seguintes

a nostalgia vem das coisas que nunca senti
sinto a dor da perda, não é nada de saudade
daqueles dias que eu preferi pular a viver
mesmo sabendo que não ia ter como voltar o filme

e tenho esse círculo grande a se colorir
no lugar de um quadrado que apelidamos de passado
tudo igual, tudo a mesma cor, verdade e mentira se confundem nas palavras
e o grito contido lá embaixo, que não nasceu para ter voz, vira dúvida

todas as noites que o canso aparece no descanso
ele derrama toda tinta

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Em cada poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas

vidas que nunca vivi aparecem em lembranças
em dias de chuva e em domingos vazios
os lados fracos, expostos ao dia, se alimentam
de dores injustas que machucam como verdade

queria eu tua presença bem longe daqui
num dia de anos passados e corpos imaginários
naquela vida que você também queria ter
de viver a querer ser eu e eu a ser você
com toda a escuridão pela frente
e a incerteza do incerto
que nos entrega a chave do sonho
que não nos dá nenhuma esperança de voltar
mortos em um quarto de portas fechadas
sem visão para fora, apenas o barulho das gotas
de lágrimas ou de chuvas, o tempo não passa
é a única forma de não nos perdermos

no dia seguinte, nos vemos de longe
um olhar, um sorriso superficial
e cada um entra em seu caminho
até o fim, a vivermos escondidos vidas que nunca vivemos

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Serve The Servants

de 26/04/11

a luz do dia é a imagem do meu pior medo
desço as escadas até o subsolo
vou pra segurança do escuro junto a velhos amigos
meu lugar pra quando a solidão não é suficiente para se auto-punir

quem disse que a verdade está oculta no lado ruim
acredita que os bons amigos são de mentira
mas se guerra pode ser sinônimo de união
prefiro cair no rio mais poluído a passar por ele numa ponte colorida

o medo é uma batida que se repete e se repete
desejos contidos choram como sonhos perdidos
enjaulados nos corredores da moral e da ordem
livres do olhar alheio, se sobressaem à noite, quando ninguém carrega escudos

segunda-feira, 28 de março de 2011

Play Crack The Sky

então
o que vale é o fim do dia ou o que se fez no meio dele?
então
chego aqui no papel vazio mais uma vez
no melhor dia para um fim de dia
e na certeza da falta de sobriedade

a viagem é longa quando me jogo em dois olhos
a angústia dos dias normais
e as cicatrizes de outras viagens
perdem-se no meio do caminho, bem desse jeito
coisas acontecem, e eu já quis acabar com tudo
até já posso ver meu próximo machucado daqui
todos tem seus dias ruins
mas este é o meu melhor dia

então
o sentido é sentir
o desmaio, a caída
embriagado de cachaças passadas que não tem mais efeito
a mesma que sempre guardei só pra mim
e que agora só levo pra viagem se tiver alguém pra dividir

então
meu fim de dia, o melhor dia
mas ainda perdido no caminho de volta
aqui ninguém fala e ninguém quer ouvir
cada um com sua garrafa e cada um com suas mágoas
apenas torcendo para que o tempo demore a passar
no dia seguinte, tudo volta a doer
e eu já quis acabar com tudo mais de uma vez

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sic Transit Gloria... Glory Fades

quantos gritos você consegue sentir dentro de si?
você pode dizer de quem são as vozes?

duas ou três chances
mas é mais fácil dizer o quão grande o mundo é
dentro do sonho em que nele há um lugar para todos
não assume o medo e não sai para ver a rua
eu digo que são duas ou três chances
mas em nenhuma delas, você viverá esse sonho

quantas vidas você tem e quantas vidas quer ter?
você sabe dizer quem as inventou?

as chances diminuem assim
quanto mais você quer ganhar, menor fica o mundo
o seu lugar nunca terá existido
e o que vão te dar vai ser a chance de cavar um buraco
enquanto sempre imaginou o caminho te levando pro céu
mas ninguém é culpado por sonhar

ninguém é culpado pelas drogas que usa
e ninguém pode se culpar por se iludir

o que você faz só são os ecos dos gritos que vivem em você
isso quer dizer que você nem sabe que eles existem
no meio da música você pode ver o que quiser
as vidas que perdeu ou as pessoas que passaram
e tentar salvar a si mesmo será sua única chance

sábado, 12 de fevereiro de 2011

sãopoucaschances

eu me assusto com tanta gente que existe por aí
no meio de toda essa guerra sem direção
com tantas pessoas e mesmo assim tanta solidão
voce ainda me pergunta como voce pode ser especial

é compreensivelmente difícil de se interessar por essas pessoas
todas com muito a falar e nada a dizer de verdade
ninguém nunca parou para ouvir toda essa fala
já existem filas em todo lugar, ninguém mais quer seguir esperando a sua vez

e eu não posso responder que basta ser você mesma
ser especial não é brilhar no meio de mil pessoas vazias
mas todos mesmo assim preferem colocar a máscara e entrar no campo
sem saber que basta uma piscada para que você perca o caminho de volta

ninguém ainda percebeu que não existem mais heróis
com esse estado de sempre mudança, estabilidade é o novo luxo
nada fica em seu lugar porque ninguém tem um lugar de verdade
pés no chão, se você conseguir se manter de pé sozinha, serás especial